Termotécnica Para-raios

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Quem é “ESE” milagroso?

* Por Eng. Normando Virgilio Borges Alves
Membro da comissão que revisa a norma NBR5419 desde 1990

Desde o início da humanidade, as pessoas sempre associavam as coisas boas ou ruins, a uma divindade superior. Em algumas civilizações se veneravam animais, em outras Deuses que eram os “responsáveis” pelas vitórias, pela fartura ou pelas epidemias ou desgraças maciças, por exemplo. Na pré-história, quando um vulcão entrava em erupção, acreditava-se que os deuses estavam revoltados, então sacrificavam alguém ou algum animal para os acalmar. A humanidade por muito tempo buscou respostas em algo “divino” ou “superior”, pois não conseguiam entender ou explicar a dinâmica da própria natureza.

A terra existe a milhões de anos e a primeira civilização tem aproximadamente 11.000 anos, ou seja, o nosso tempo na terra é definitivamente menor que a sua idade. E até nos dias de hoje, existem pessoas que insistem em acreditar em algumas expressões populares, criadas no desenvolver dos séculos e que na verdade, não traduzem nenhuma realidade.

Por exemplo, em pleno século XXI, ainda existem pessoas que acreditam que o raio não cai 2 vezes no mesmo lugar, que os espelhos devem ser tampados em dias de tempestades, que um cartão magnético com nanotecnologia instalado na tampa do quadro de energia, irá reduzir em 20% a conta, que a garrafa PET em cima do padrão de entrada de energia também possui o mesmo efeito, ou que é possível atrair ou impedir a queda dos raios como se tivéssemos o poder de controlar a natureza.

Com tantos recursos tecnológicos e informações disponíveis a um clique pelo computador, ainda existem pessoas sendo enganadas por pretensos milagres de atrair raios ou impedir a sua queda.

Você deve se lembrar dos famigerados para-raios Radioativos, que diziam atrair os raios para si, e que demorou aproximadamente 20 anos para descobrirem que não funcionavam. E um dos poucos cientistas brasileiros que desde o início combateu esse “milagre”, foi o professor Duílio Moreira Leite, o qual foi minha inspiração, quando há 37 anos entrei na área de proteção contra raios.

Desde 1989 está proibido o uso dos captores “milagrosos radioativos” no mercado brasileiro, por não ser comprovada a sua eficiência em relação aos captores convencionais. Na verdade, essa “pseudo tecnologia” está há mais de 30 anos tentando comprovar que funciona e até hoje não chegaram perto de provar a sua eficácia.

Após este longo período, agora volta a aparecer no mercado brasileiro estes tipos de captores, com poderes extraordinários de controlar a natureza, conseguindo atrair ou repelir os raios.

A estratégia utilizada por estes fabricantes já foi usada até mesmo na idade média, pelo convencimento e não pela ciência, como se a força do grito mais alto fosse o mais atrativo.

Dentre as diversas tecnologias “milagrosas” existem algumas, como por exemplo: ESE, PDI, CTS, etc. Esses captores tentam fazer exatamente o que é impossível, controlar a natureza, atraindo os raios através de áreas imaginárias de proteção, o que é de fazer inveja em qualquer captor radioativo.

No Brasil, existe o código de defesa do consumidor que exige que serviços ou produtos colocados no mercado, atendam as normas da ABNT. A norma que regulamenta a proteção contra descargas atmosféricas é a NBR5419, esta não aceita nenhum desses captores milagrosos, isso é fato. A NR 10 reforça isso.

Não satisfeitos, esses fabricantes estrangeiros tentam a todo custo convencer leigos que eles estão certos, como síndicos, proprietários de casas e até mesmo algumas grandes indústrias que possuem um corpo técnico de engenheiros e que por desinformação, acabam considerando estas soluções.

As empresas que usam essas “tecnologias” podem ser co-responsabilizadas em caso de acidente pelo fato de terem permitido o uso de um produto não normatizado.

Não existe nenhuma norma Internacional que aceite estes tipos de proteção, lembrando que normas Europeias são normas estrangeiras, não são normas Internacionais.

Em pleno século XXI não faz sentido menosprezar a engenharia e a pesquisa científica e apenas acreditar num papo agradável e desenhos ou animações divertidas. Qualquer tecnologia que não possua comprovação cientifica, não deve ser praticada. Confira outras informações no vídeo abaixo:

5 comentários em “Quem é “ESE” milagroso?

  1. Li que os para-raios PDI tem vários estudos e comprovações científicas e com ela várias certificações. É um tecnologia nova. O texto fala que não tem certificação, não tem base científica, mas não prova nada. Isso é um medo de uma concorrência ou o quê? O autor ocupa um cargo na Termotécnica e ao mesmo tempo faz parte da comissão que revisa a norma NBR 5419. Então, sabemos que os PDIs nunca vão ser descritos na norma de maneira aceitável.

    1. Prezado Diego,
      No Brasil o código de defesa do consumidor exige que as normas da ABNT sejam seguidas, tal como a NR10 e outros regulamentos.
      Esses captores milagrosos existem a mais de 30 anos, então de novo não tem nada e de tecnologia também não.
      Se me apontar uma norma internacional que permita o uso desses captores ou um trabalho de uma entidade idônea como a UFMG , a USP, etc, então toda a comissão que revisa a norma irá aceitar com certeza. Inclusive muitos fabricantes desses para raios milagrosos estão na comissão que revisa a norma, isso quer dizer que esses captors funcionam ?
      Se você ainda acredita em papai Noel então use esse captor e assuma toda a responsabilidade técnica, civil e criminal advinda dessa prática, ninguém vai te impedir de usar, agora querer que os outros acreditem nessa estória , aí já é querer demais. Existem diversos artigos publicados desmascarando esses captores, o mais recente foi a Revista Eletricidade moderna (fev 2020).
      Procure se informar melhor para poder fazer um juízo de valor e não acreditar em qualquer história que te contem.
      Grato por sua atenção.

      1. Caro Normando,
        Só fazendo uma correção da referência: a edição da revista Eletricidade Moderna que traz um artigo sobre o ESE é a de janeiro/2020, na pág. 52, “Atuação de captores Franklin e captores ESE sob condições naturais”, que pode ser acessado através do link https://www.arandanet.com.br/assets/revistas/em/2020/janeiro/index.php#page=52 (spoiler: o artigo demonstra que, devido à propagação em passos do líder escalonado, ocorre uma modulação natural do campo elétrico muito mais intensa do que qualquer modulação artificial provocada por ESEs – Early Streamer Emission).

    2. Diego,
      O comitê revisor da NBR 5419 é formado por membros de integrantes de empresas fabricantes, representantes de universidades e profissionais autônomos. Acredito que todos estão dedicando seu tempo e disponibilizando suas experiências, interessados em oferecer a sociedade uma norma que preza sobretudo pela segurança das pessoas e das instalações. Duvido muito que a opinião de uma pessoa prevaleça sobre a das demais no comitê só porque ele vende produtos da solução que está em conformidade com a norma (acho que os produtos dele se adequaram à norma para poder serem comercializados). Acredito que o membros têm todo interesse em conhecer (e normatizar) soluções que minimizam os riscos da exposição às descargas atmosféricas e os danos causados pelas descargas, contanto que esses dispositivos sejam de fato eficientes e contribuam para a segurança de todos.

      Se o ESE/PDI não acrescenta de fato proteção em relação ao captor franklin sem material radioativo, ele está sendo, na verdade, uma fonte de risco desnecessário à exposição para as pessoas e, portanto, deve ser removido.

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