Termotécnica Para-raios

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No aterramento, posso usar qualquer tipo de Haste? Qual é a melhor para o meu projeto?

Qualquer tipo de instalação, seja civil, elétrica, hidráulica ou mecânica, possui regras para projeto e execução. Você já deve ter ouvido uma das frases:

  • “Em aterramentos de para-raios, instalações residenciais ou de padrão de energia não existem exigências das hastes normalizadas”
  • “Para a instalação de hastes não existem regras ou normas”
  • “Qualquer haste serve, são todas iguais”
  • “Não existem regras para aterramento em casas pequenas”

As frases acima não são verdadeiras. Para qualquer peça, acessório, dispositivo ou equipamento que é fabricado existe um documento da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) associado. No caso das hastes de aterramento, a norma que regulamenta a sua fabricação é a NBR 13571. Esta normativa fornece as diretrizes para aplicação deste produto, com base em testes e procedimentos, tais como, ensaios de tração, ensaios de uniformidade de diâmetro e comprimento, espessura de cobre, aderência do cobre no aço, qualidade do material, entre outros.

No mercado, existem dois tipos de hastes, as de alta camada conforme NBR 13571 e as chamadas “hastes comerciais”, que são fora das normas. A Lei 8.078, mais conhecida como CDC-Código de Defesa do Consumidor, diz em seu Artigo 1º:

O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos art. 5º, inciso XXXII, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Esta mesma lei estabelece em seu capítulo V, seção IV, artigo 39, inciso VIII que se existirem Normas Técnicas para qualquer produto colocado no mercado de consumo, é obrigatória a conformidade destes produtos com os requisitos da Norma, sob pena de responsabilidade para o fornecedor.

Quando o consumidor compra um produto fabricado de acordo com os requisitos da norma pertinente, significa que ele está adquirindo algo de qualidade. A conformidade é a garantia de que o produto atenderá corretamente as necessidades e terá o melhor desempenho esperado para o seu uso, uma vez que o fabricante utilizou na sua produção matérias-primas e processos controlados para alcançar as exigências da norma.

Resumindo, usar hastes de aterramento que não atendam à NBR 13571 constitui crime, isso inclui o fabricante, o revendedor e o instalador, uma vez que todos eles fornecem produtos e serviços para seus clientes. Para os fabricantes das hastes isso já é sabido há muitos anos e são eles mesmos que fabricam as normalizadas e as comerciais. Portanto, possuem consciência do risco de serem processados por oferecer produtos fora da norma. As alegações para continuar com esse produto no mercado, normalmente, são:

  • Os fornecedores fabricam, porque os revendedores querem comprar essas hastes “comerciais”

Isso não exime o fabricante de sua responsabilidade, uma vez que ele está ciente dos riscos envolvidos. Para os revendedores também existem riscos legais por comercializar produtos fora das normas e ferirem o artigo do código de defesa do consumidor.

  • Os revendedores compram, porque os instaladores pedem essas hastes “comerciais”

Isso não exime a responsabilidade do revendedor e do fabricante conforme código de defesa do consumidor. Para os instaladores também existem sanções legais, pois se o cliente descobrir que está sendo fornecido material fora das normas ele poderá processar o instalador, principalmente em caso de perda de equipamentos ou vidas humanas.

  • Os instaladores pedem, porque o cliente quer o mais barato ou no projeto não é especificado o tipo de haste

Essas alegações não têm consistência legal, pois o instalador tem a obrigação de saber e cotar para o cliente uma instalação de acordo com as normas. Se o cliente não puder pagar, então é melhor não fazer a instalação, pois não será segura. Além disso, ao mencionar hastes de aterramento no projeto, já fica implícito que estas devem ser normalizadas. É uma exigência do código de defesa do consumidor, até porque não existem normas para hastes “comerciais”. Não faz sentido confiar em um produto, para esta usabilidade, que não possui regulamentação para garantir o seu correto funcionamento.

Reparamos que todos os envolvidos, desde o fabricante até o consumidor final têm desculpas incongruentes para a compra das hastes fora de norma. Fica evidente que no centro de todas estas justificativas, está o preço do material. Entretanto, vale a pergunta: quanto custa a sua vida ou de seus familiares?

Como garantirmos instalações e aterramentos mais confiáveis?

A primeira solução seria os fabricantes sérios e que prezam pela sua imagem pararem de fabricar hastes comerciais. Assim, nem o revendedor e nem o instalador teriam acesso a esses produtos. Este é o caminho mais fácil e mais correto.

A segunda solução seria o inverso e os clientes passarem a exigir aos instaladores materiais normalizados. Por consequência, os revendedores seriam obrigados, também, a solicitar aos fabricantes materiais de acordo com as normas. Este é o caminho pior e mais difícil, pois tem uma cadeia muito longa e muitas pessoas envolvidas.

Dicas para identificar facilmente as hastes normalizadas

A primeira dica para identificar as hastes normalizadas, é que estas têm, obrigatoriamente, a marcação em baixo relevo “254µ NBR 13571”, em que 254µ é a espessura de cobre que protege o aço da haste. Para saber mais sobre este tipo de identificação, clique aqui.

A segunda dica é que tanto a cabeça da haste quanto a sua ponta tem que estar torneadas com o aço exposto, tal como é mostrado na foto abaixo. As denominadas “comerciais” não apresentam estas características.

A terceira dica é observar o diâmetro das hastes. Se você tiver um “bom olho” ou uma régua em polegadas, pode conferir se o diâmetro é exatamente o que você comprou. As mais comuns (mas não se limitando apenas a estas), são as de ¾” e 5/8”. É comum o fornecedor te vender haste de ¾ e te entregar 5/8” ou ½” . Ou seja, vendem a mais grossa e entregam a mais fina.

Qual haste normalizada é a melhor para fazer um aterramento?

Depende do uso do aterramento, pois para cada caso existe uma norma específica. Tratando-se de instalação de para-raios (SPDA), a melhor haste é aquela que está de acordo com a NBR 5419/2015; para instalações elétricas de baixa tensão, a melhor é aquela que está de acordo com a NBR 5410; para instalações de média tensão, deve ser consultada a NBR 14039, e assim por diante. Fora as normas das concessionárias de cada região do Brasil.

É apenas com a análise do projeto e da necessidade em cada caso, que é possível indicar a haste de aterramento ideal. O único fato é que, independente do uso, todas as hastes serão regulamentadas por uma norma específica. A Termotécnica Para-raios comercializa as hastes de alta camada e possui um departamento de Engenharia especializado em projetos de SPDA com todos os serviços necessários para garantir a conformidade do sistema de proteção, saiba mais.

*Eng. Normando V. B. Alves
Membro da comissão da ABNT que revisa a norma NBR 5419
Diretor de Engenharia da Termotécnica Para-raios

30 comentários em “No aterramento, posso usar qualquer tipo de Haste? Qual é a melhor para o meu projeto?

  1. Bom dia,tenho 2 chuveiros em uma casinha na roça com voltagem 220 só neles,qual o aterramento adequado só pra eles? Seria possível enviar as medidas e instruções exata por favor?Obrigado.

    1. Olá Ricardo,

      A NBR 5410 prescreve que todo circuito deve possuir o condutor de proteção (condutor PE), o qual é responsável pela equipotencialização dos elementos metálicos. Desta forma, você deve ligar o “cabo terra” de cada chuveiro no seu respectivo condutor de proteção do circuito. Os condutores de proteção devem ser interligados ao BEP (Barramento de Equipotencialização Principal) da edificação, e este barramento deve ser interligado ao eletrodo de aterramento propriamente dito. Quanto ao eletrodo aterramento, ele deve consistir em uma das configurações estabelecidas na NBR 5410:

      a) preferencialmente, uso das próprias armaduras do concreto das fundações (ver 6.4.1.1.9); ou
      b) fitas, barras ou cabos metálicos, especialmente previstos, imersos no concreto das fundações
      (ver 6.4.1.1.10); ou
      c) malhas metálicas enterradas, no nível das fundações, cobrindo a área da edificação e
      complementadas, quando necessário, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente (“pés-de-
      galinha”); ou
      d) no mínimo, uso de anel metálico enterrado, circundando o perímetro da edificação e complementado,
      quando necessário, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente (“pés-de-galinha”).

      Ressalto também que não é adequado fazer aterramentos distintos para os diversos elementos. Por exemplo: interligar cada chuveiro em uma haste de aterramento. Sendo assim, uma única infraestrutura de aterramento integrada é preferível e adequada para todos os propósitos, ou seja, o eletrodo deve ser comum e atender à proteção contra descargas atmosféricas, sistemas de energia elétrica e sinal.

    1. Olá, José!

      Sim, é bom. Na tabela 7 da NBR 5419-3:2015, o aço inoxidável é uma das opções de materiais permitidos no aterramento. Recomendamos que consulte essa tabela para ver as configurações e dimensões mínimas para eletrodo de aterramento.

  2. Bom dia!

    Falando em hastes de aterramento, o comumente utilizado são 3 hastes em linha com distância mínima igual ao comprimento da haste. Se eu colocar 4 hastes, ou se eu colocar 3 hastes de 2,40m com distância de 5m entre elas, estarei melhorando meu sistema de aterramento?

    1. Bom dia!

      Darci, em Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) – NBR 5419, a configuração mínima que se deve ter, em aterramento , é um anel circundando todo o perímetro da estrutura a ser protegida. Portanto, essa norma não orienta em relação à essa configuração de aterramento, não natural, utilizando apenas hastes, as quais podem ser necessárias, como eletrodo adicional, em função da análise e validação do comprimento mínimo de eletrodo enterrado, que no caso de SPDA, especialmente classe I ou II, requer conhecer a resistividade do solo local. Feita a análise, se for constatada a necessidade do uso de mais de uma haste de aterramento, estas devem ser posicionadas para cada condutor de descida e o espaçamento mínimo entre elas deve ser equivalente ao próprio comprimento da haste, como mencionou.
      Mesmo que a necessidade de haste de aterramento não seja apontada, conforme análise citada, é uma prática comum utilizar uma haste de aterramento para cada descida, na maioria dos casos.

  3. Difícil encontrar no mercado haste de aterramento que corresponda a essa norma NBR 13571.
    Estou procurando para fazer aterramento na minha casa.
    Ontem mesmo, em uma distribuidora de CFTV eu vi uma pessoa devolvendo uma haste comercial, provavelmente por não ser normatizada.
    Fui cair na besteira de perguntar para o vendedor se aquela haste era normatizada, e o mesmo, me perguntou “o que é isso”.
    Ai ferrou de vez.
    Ou seja, eles vendem um produto de péssima qualidade, sem estar dentro das normas por um preço de R$ 35,00 o que por si só já determina a qualidade do produto.
    Estou a procura de uma haste normatizada, sem chance de fazer com essas hastes comerciais.

    1. Olá Marcel,

      Realmente é difícil encontrar no mercado a haste de alta camada, pois muitos fornecedores buscam apenas produtos de baixíssimo custo para atrair clientes sem conhecimento técnico. O resultado acaba sendo um aterramento de baixa qualidade e durabilidade, que expõe as instalações elétricas e pessoas a riscos severos!

      Felizmente a Termotécnica Para-raios possui em seu catálogo hastes que atendem a NBR 13571 e você pode adquiri-las de qualquer lugar do Brasil que entregamos a você. Entre em contato com uma de nossas vendedoras pelo https://tel.com.br/contatos-comerciais/

  4. A nbr5410, na tabela 51, especifica o diâmetro da haste de aterramento (15mm mas não especifica o comprimento), o cabo de cobre nu de 50mm2. Estou reformando minha residência e gostaria de saber: posso usar materiais de diâmetro e seção inferiores?

    1. Olá Fernando,

      O comprimento da haste será definido conforme seus cálculos no dimensionamento da malha de aterramento. O uso de hastes que possuam o comprimento padrão de mercado (2,4m ou 3m) tende a ser mais vantajoso financeiramente. Quanto ao diâmetro ou área de seção, estes deverão atender ao mínimo definido nas tabelas normativas. O uso de materiais fora deste padrão pode colocar em risco a segurança dos ocupantes da edificação.

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