Termotécnica Para-raios

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SPDA Estrutural – casos reais e melhores práticas

*Por Normando Alves

Tivemos duas experiências com prédios já existentes onde os síndicos preocupados com a segurança da edificação e das pessoas, decidiram contratar nossos serviços para fazer essa avaliação. Para despersonalizar os cases, chamaremos um de prédio comercial e o outro de prédio residencial.

  • Caso I – Prédio Comercial

O caso do prédio comercial começou antes da contratação. O síndico entrou em contato conosco falando que precisava de uma análise e um laudo do Para-raios, mas que tinha duas outras propostas comerciais bem mais acessíveis que a nossa.

Em conversa com o síndico, explicamos que ele não poderia tomar a decisão apenas baseado no preço, e que o mais importante era o escopo técnico da proposta e a experiência do projetista, haja vista que se tratava de um prédio já existente. A solução técnica não era trivial, neste caso a melhor opção era fazer uma avaliação para determinar o melhor sistema em função da idade do prédio, das dificuldades e altos custos que um sistema convencional acarretariam.

Mesmo com preço mais caro e o cliente entendendo o valor agregado da proposta fomos contratados, pois confiou na expertise e know-how da Termotécnica Para-raios, referência nacional.

A proposta inicial era fazer a análise de risco (parte 2 da norma NBR 5419/2015) onde ficou evidenciado a necessidade do SPDA e DPS. Em seguida, checar se as ferragens do concreto armado eram ou não contínuas, para então, decidir qual tipo de SPDA teria que ser projetado.

Para realizar esses testes de continuidade, foi necessário acessar as ferragens dos pilares de concreto. O primeiro problema foi a ausência do projeto estrutural, o prédio possuía 40 anos e ninguém sequer sabia da existência de tal projeto. A saída foi analisar a situação e tentar deduzir onde os pilares estruturais deveriam estar, quebrar o reboco e torcer para estarmos certos.

Desenho genérico dos testes de continuidade da estrutura

Ao quebrar os locais mais lógicos para tentar descobrir as ferragens, tivemos algumas surpresas. Em alguns locais, achamos as ferragens estruturais, e onde não achamos tivemos que buscar outras possibilidades que atendessem às exigências da norma. Em alguns casos só foi possível achar as ferragens dentro das salas comerciais e o serviço, mesmo a contragosto de alguns inquilinos, teve que ser feito.

Segundo o síndico, o maior problema não era a quebradeira e sujeira para descobrir as ferragens. Na opinião dele, era ter que enfrentar o mau humor, a falta de cooperação e educação de alguns proprietários e inquilinos sempre reclamando, na maior parte do tempo, sem motivo.

Alguns dos problemas operacionais que enfrentamos nesse tipo de avaliação:

Para realizar os testes de continuidade é necessário acessar as ferragens nos pontos mais baixos dos pilares, via de regra na garagem, quase sempre no subsolo e nos pontos mais altos da edificação, tais como cobertura, telhado, caixa d´água, etc.

Na maioria dos casos, as principais quinas dos prédios tem pilares, mas que podem estar recuados em relação à fachada, ter morrido na laje anterior, ter sua seção reduzida (comum nos últimos andares) ou ter sofrido transição de posição.

Quando o guarda-corpo é executado, pode ser feita uma pequena viga horizontal para amarração da alvenaria e pequenos pilares, chamados pilaretes, que não são tecnicamente pilares estruturais e não estão ligados eletricamente com o pilar estrutural abaixo. A execução dessas peças é unicamente para evitar que o guarda-corpo não caia, caso alguém se apoie nele ou até prevenção contra rajadas fortes de ventos.

Havendo a possibilidade de acessar do pé até o topo do mesmo pilar, são grandes as chances de um ensaio dar certo. No entanto, algumas situações fora de controle podem aparecer, sendo bem comum por sinal a existência de pilares falsos, pilares com seção aumentada (boneca/espala), pilares com redução de seção e nestes casos, a quebradeira é maior, pois é necessário analisar – se era pilar falso ou apenas alvenaria de shaft fechado, para abrigar instalações hidro sanitárias – e pesquisar outras alternativas.

Após todo esse trabalho e a realização dos testes de continuidade, desenvolvemos o projeto de acordo com os resultados dos testes, bem como a solução técnica adequada para aquela determinada situação.

No prédio comercial, apesar de todo o transtorno, os usuários permitiram o acesso às salas para descobrir as ferragens, assim como os ensaios deram positivo (valores abaixo de 1 ohm). Foi projetado um subsistema de captação pelo método das malhas e interligadas nos pilares que foram ensaiados e deram resultado positivo.

  • Caso II – Prédio Residencial

No caso do prédio residencial, os moradores das coberturas não permitiram o acesso aos apartamentos para fazermos a investigação e tentar descobrir os pilares estruturais, assim fizemos os testes de continuidade do pilotis até a garagem do subsolo e também testamos a continuidade das vigas baldrames, que também apresentaram continuidade.

Neste caso, foi projetado um subsistema de captação pelo método das malhas, combinado com o método eletrogeométrico para garantir que as coberturas ficassem dentro da zona OB (volume de proteção). Depois, foram projetadas descidas não naturais com barra chata de alumínio até o pilotis onde foram interligadas com as ferragens estruturais testadas e dali em diante, o sistema seria natural.

Após a apresentação do projeto, o próximo passo era fazer a cotação da implantação. Tal como foi dito, o preço não pode ser o principal balizamento. A empresa a ser contratada precisava ter expertise nesse tipo de instalação, registro no CREA, saber ler e entender o projeto para que consiga executar com segurança. Em caso de algum acidente, o condomínio é co-responsável pelos danos materiais ou pessoais, que eventualmente venham ocorrer.

Após a realização dos testes de continuidade, foi emitido um relatório técnico mostrando os resultados apresentados.

Esse relatório serviu de base para a elaboração dos respectivos projetos de SPDA e medidas de proteção contra surtos na rede elétrica e linhas de telecomunicação.

A lição que ficou com estes dois casos, é que, apesar dos transtornos para os moradores ou usuários da edificação, a experiência é válida, desde que o cliente esteja previamente preparado para essas pequenas obras de pesquisa e localização dos pilares estruturais.

É também extremamente necessário um bom canal de comunicação entre síndico e moradores para informar previamente sobre os transtornos e mostrar os benefícios de segurança em projetos desta natureza.

Reforçamos que a execução desses serviços foram tentativas para usar as ferragens como elementos naturais do SPDA, mas não existe garantia que a estrutura será validada. Caso não exista a continuidade garantida, a tentativa terá que ser abortada e o projeto será direcionado para um SPDA externo.

A maioria dos ensaios (80% a 95%) em que a área de engenharia da Termotécnica Para-raios realiza, tem tido um resultado positivo e as estruturas têm sido validadas, por isso o risco de dar problema é muito pequeno, vale a pena arriscar.

No caso de uma validação, é necessário verificar se o prédio tem acima de 60m de altura e lembrar que a norma tem uma exigência específica para esse tipo de prédio, com relação à extensão da captação do topo se estender também para as fachadas, em pelo menos 20% do total da altura.

Se precisar de suporte técnico em seus projetos, entre em contato conosco: https://tel.com.br/fale-conosco/suporte-tecnico/

Escrito por Eng. Normando Alves
Diretor de Engenharia de aplicação da Termotécnica Para-raios
Membro da comissão que revisa a NBR5419.

58 comentários em “SPDA Estrutural – casos reais e melhores práticas

  1. Bom dia,
    1º Caso – Em um prédio existente com subsolo, foi verificada a necessidade da instalação de um SPDA, a estrutura do prédio será utilizada como subsistema de descida com auxílio de Rebar, o subsistema de aterramento deverá ser instalado no subsolo ou a nível do térreo? Existe algum item na norma que trate desse assunto?

    2º Caso – Em um prédio existente com subsolo, foi verificada a necessidade da instalação de um SPDA, então foi projetada uma malha externa com cabo de alumínio 70mm², seria necessário interligar o SPDA com as ferragens?

    1. Boa tarde, Rodrigo!

      Irei responder separadamente para cada situação.

      1° Caso – A malha de aterramento deverá ser instalada no subsolo, pois o final das suas descidas (pilares) se encontram neste nível. Caso você faça anel de aterramento no nível do térreo, uma parte da corrente da descarga atmosférica irá se dissipar no nível térreo e a outra irá percorrer o restante do pilares até o pavimento inferior, podendo gerar potenciais elétricos perigosos para as pessoas que estiverem transitando no local.

      2° Caso – Com o termo “malha externa” estou entendendo que você está se referindo à malha de captação, pois no aterramento não é permitido utilizar condutores de alumínio. De acordo com o item 6.3 da NBR 5419-3 (2015), a distância de segurança deve ser levada em consideração para a interligação dos condutores do SPDA com as partes metálicas estruturais, então, sim, é necessário que essa análise seja feita para estipular se será preciso interligar as ferragens à captação não natural.

  2. Prezados,
    No terreno tenho 2 prédios escolas e uma cantina. Porém, os dois prédios possuem SPDA e a cantina não. No gerenciamento de risco nessa estrutura (cantina) foi verificado que não era obrigatório possuir sistemas de spda, mesmo assim sou obrigado a instalar o spda na cantina?

    Obrigado!

    1. Olá Luis Eduardo,

      O Gerenciamento de Risco, conforme NBR 5419-2/2015, é um cálculo estatístico que resulta na probabilidade de acidentes em virtude dos riscos estimados. Toda estatística é baseada em dados passados e pode mudar com os passar dos anos mas, ainda assim, a norma considera que as possíveis falhas não trarão riscos severos aos ocupantes.

      Se seu cálculo está correto e dispensa a necessidade de um SPDA, você pode anexá-lo ao final da execução do projeto, usando-o como justificativa técnica para a não elaboração do projeto de SPDA da cantina, em virtude do risco tolerável aos ocupantes apresentado pela edificação nas condições atuais.

      Você ainda poderá instalar um SPDA caso busque uma proteção adicional a esta estrutura e, por não ser requerido um sistema específico, poderá adotar o nível de proteção mais básico (NP IV). A vantagem desta atitude é que, caso tenhamos uma falha estatística relacionada a probabilidade do evento (raio atingir a cantina) as probabilidades de um acidente (que já eram baixas) serão ainda menores.

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