Quando posso utilizar telhas metálicas como captores naturais do SPDA?

TRANSCRIÇÃO PARA DEFICIENTES AUDITIVOS

O PodCast de hoje vai tratar de um assunto que gera muita dúvida entre projetistas, instaladores e clientes: quando e como utilizar telhas metálicas como captores naturais do SPDA. Eu sou Nikolas Lemos e seja muito bem-vindo.

Antes de aprofundarmos no assunto, é preciso que o conceito de componente natural do sistema esteja bem claro na mente de vocês. Este termo é referente a todo elemento condutivo pré-existente na estrutura, instalado com outras finalidades e que pode ser utilizado como parte do SPDA. Esses componentes podem ser perfis metálicos, fundações, telhados metálicos e etc.

Para utilizá-los é preciso que a continuidade elétrica seja garantida, suas dimensões atendam o especificado por norma e, principalmente, sejam instalações permanentes, ou seja, que não vão ser removidas após um tempo. Quando esses requisitos são atendidos é até recomendado que essas estruturas sejam utilizadas como parte de um subsistema do SPDA.

Por isso é comum ver a adoção do telhado metálico como captor natural. Mas quais critérios, segundo a NBR 5419, devem ser avaliados para que se possa utilizá-lo?

O primeiro parâmetro a ser analisado é se será ou não admitido que possa ocorrer o impacto do raio no telhado. Se a estrutura estiver dentro de uma área classificada, por exemplo, o impacto direto do raio com as telhas poderá gerar um ponto quente ou faiscamento entre elas e sua estrutura de suporte, e assim iniciar um incêndio ou explosão. Nessa situação, é obrigatório que a captação esteja afastada a pelo menos 1 metro da atmosfera explosiva. Se a área classificada estiver limitada à parte inferior do telhado, será preciso que este atenda aos requisitos de prevenção de pontos quentes, ignição e perfuração, conforme a Tabela 3 da NBR 5419-3:2015. Caso não seja possível atendê-los, deverá ser instalado um sistema de captação que proteja todo o telhado.

Nas áreas não classificadas, telhas com espessuras menores do que o mínimo informado  na tabela 3 não podem receber o impacto direto do raio, pois iriam sofrer danos severos, oferecendo riscos aos ocupantes e à própria estrutura. O impacto do raio nas telhas também pode causar pequenos furos e, embora a infiltração de água seja um problema, alguns clientes estão dispostos a lidar com isso.

Por exemplo, as telhas de aço, para serem consideradas elementos naturais de captação precisam ter uma espessura mínima de 0,5mm, mas para evitar que elas sejam perfuradas pelo raio, é preciso ter uma espessura de no mínimo 4mm, o que é impraticável para telhas normais, sendo adotado apenas para chapas de tanques de armazenamento. Por outro lado, as telhas de alumínio precisam ter no mínimo 0,65mm de espessura para serem elementos naturais de captação e 7mm para não serem perfuradas pelo raio. Essa diferença está diretamente relacionada ao tipo de material, sua resistência térmica e condutividade elétrica. Outros modelos também são apresentados na tabela 3, como telhas de zinco, chumbo, titânio e cobre. Caso se depare com esses tipos de materiais no telhado, deverá consultá-la antes de definir a captação.

Caso as telhas sejam usadas como captores naturais, não é permitido que sejam pintadas ou que possuam uma camada de material isolante superior a 1mm de asfalto ou 0,5mm de PVC. Essa proibição tem como objetivo melhorar a condutividade elétrica entre as telhas.

São nos grandes galpões metálicos que os maiores ganhos podem ser vistos, já que o uso de um captor natural, além de melhorar a divisão da corrente do raio pela edificação, gera uma significativa economia no projeto. Todavia, é comum os proprietários dos galpões utilizarem telhas mais finas em suas  coberturas que, embora sejam aceitáveis do ponto de vista estrutural, não atendem ao mínimo recomendado por norma para a confecção de um sistema natural, obrigando assim a instalação de uma  captação convencional.

Por fim, é possível desconsiderar do volume de proteção do SPDA, as telhas com espessura menor do que o recomendado pela norma, considerando apenas as estruturas metálicas que a compõem, como se a edificação não possuísse uma cobertura. Aqueles que buscam apenas a redução de custos de implantação, provavelmente vão optar por essa alternativa. Essa ação, entretanto, somente poderá ser executada mediante autorização do cliente que deve estar ciente de todos os riscos envolvidos. Um deles, por exemplo, é a grande probabilidade de dano severo no telhado da edificação, aumentando os gastos e a frequência de manutenção a longo prazo.

Continue ligado em nosso canal TELCast para ouvir outras dicas como essa!


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