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Melhores práticas nas inspeções do SPDA

A inspeção de um SPDA está para a proteção contra descargas atmosféricas, assim como a manutenção preventiva automotiva está para a sua segurança e dos seus familiares. Se você não fizer as manutenções preventivas no seu veículo, você corre o risco de ficar na mão e uma viagem de férias pode se transformar numa frustração ou pior que isso.

Do mesmo modo, se seu SPDA não tiver as vistorias ou manutenções preventivas, caso a edificação seja atingida por um raio ou este caísse nas proximidades, as consequências poderiam ser indesejáveis, tais como choque elétrico, queima de equipamentos ou fogo dentro da edificação. Todas essas variáveis são consideradas no início do desenvolvimento de um projeto através do gerenciamento de risco (parte 2 da norma) e deverão ser constatadas durante as inspeções periódicas prescritas na norma.

DICA: Tudo vai depender se o raio caiu diretamente na edificação (S1), nas proximidades desta (S2), diretamente nos serviços de concessão (S3) ou próximo deles (S4). As descargas S1 e S3 são as mais perigosas, pois podem provocar choque elétrico, queima dos equipamentos ou incêndio, já as descargas S2 e S4 se limitam a queima de equipamentos e suas informações, entretanto, podem haver situações em que esta perda seja inaceitável e, portanto, dependendo da edificação, se tornam tão preocupantes quanto às descargas S1 e S3.

O item 7, da NBR5419/2015 parte 3, estabelece as condições para inspeção, manutenção e documentação de um SPDA. De acordo com esta norma, existem basicamente 2 tipos de inspeção:

1. Inspeção visual semestral

Consiste basicamente em checar visualmente o projeto, analisar se está de acordo com a norma vigente, e verificar “in loco” se a instalação está de acordo com o projeto. Este tipo de inspeção deverá ser feito em todas edificações, independente do nível de proteção, e deverá ser emitido um relatório técnico, apontando as não conformidades de acordo com os seguintes itens a serem analisados:

  • Documentações, tais como gerenciamento de risco, projeto detalhado e características da qualidade do solo (em casos específicos).
  • Se as fixações dos condutores estão firmes e espaçadas a cada 1m na horizontal e 1,5m na vertical.
  • Se os condutores estão em bom estado de conservação sem formação de pilha galvânica ou ferrugem.
  • Se os cabos usados na captação, descidas e aterramento são normatizados (NBR5419 e NBR6524).
  • Se existem conexões mecânicas enterradas e enferrujadas.
  • Se as distâncias de segurança estão sendo obedecidas.
  • Se o subsistema de captação está corretamente posicionado e dimensionado, o mesmo vale para as descidas, aterramento e equipotencialização.

2. Inspeção completa

Esta inspeção deverá incluir a inspeção visual mencionada no item 1 e eventuais ensaios de continuidade elétrica nas seguintes condições:

SPDA natural

  • Testes de continuidade elétrica conforme prescrito na norma, das descidas e eletrodo de aterramento (teste inicial e teste final);
  • Equipotencializações;

SPDA não natural (Convencional)

  • No caso de descidas embutidas no reboco da fachada ou debaixo de fachada aerada;
  • Aterramentos existentes;
  • Equipotencializações;

NOTA: Para este ensaio não pode ser usado terrômetro ou alicate terrômetro, deverá ser usado miliohmímetro ou microhmímetro que gere pelo menos 1 ampere em corrente contínua.

As inspeções completas devem ser realizadas anualmente em edificações com produtos perigosos (explosivos, inflamáveis, produtos tóxicos, radioativos, ambientes industriais ou de orla marítima) ou outros tipos de produtos que possam colocar em risco vidas humanas dentro da indústria ou comunidades próximas. E a cada 3 anos nas demais edificações que não possuam os riscos acima mencionados, como por exemplo casas e edificações residenciais.

O que deve constar no Relatório de Inspeção do SPDA?

O resultado do serviço de inspeção deverá ser um relatório técnico que descreve o tipo de inspeção realizada e os respectivos ensaios, caso tenham sido necessários. Além disto, este documento também deverá apontar se a instalação está atendendo a última versão da norma. Caso a edificação esteja fora de norma, o relatório deverá RECOMENDAR a realização de um projeto de adequação do SPDA, cabendo ao cliente a decisão de adequar ou não.

DICA: Neste caso, o projeto de adequação poderá contemplar os testes de continuidade elétrica da estrutura de concreto armado para tentar realizar um sistema natural, que é muito mais acessível.

O papel do engenheiro é fazer com que o cliente tenha ciência do risco que corre, com relação a eventuais perícias, fiscalização do Ministério do Trabalho, seguradoras, certificações e principalmente com a própria segurança da edificação. Para saber mais sobre a importância das inspeções e como praticá-las, participe dos nossos cursos de SPDA+MPS. A inspeção e manutenção de todo o sistema é parte intrínseca para o funcionamento da proteção contra descargas atmosféricas.

Eng. Normando Alves
Diretor de engenharia da Termotécnica para-raios
Membro da comissão que revisa a NBR5419.

 

23 comentários em “Melhores práticas nas inspeções do SPDA

  1. Boa tarde.

    “NOTA: Para este ensaio não pode ser usado terrômetro ou alicate terrômetro, deverá ser usado miliohmímetro ou microhmímetro que gere pelo menos 1 ampere em corrente contínua.”

    Esta nota refere-se a todos os ensaios de continuidade elétrica? Seja em SPDA natural ou não natural? Vocês tem alguma marca de miliohmímetro ou microhmímetro que indicam ou entendem que tenha melhor custo-benefício, gerando medições confiáveis? Ainda, outra pergunta: para os testes de equipotencialização, utiliza-se o mesmo aparelho?

    Grato,
    Pedro Melo

    1. Olá!
      Pedro, sim, essa nota serve para ensaios de continuidade para SPDA natural ou não natural. Em relação a uma marca para indicação, a Termotécnica Para-raios utilizava os Micro-ohmímetros da Megabras quando ainda realizavamos serviços de ensaios, então a única indicação segura que podemos fazer, por experiência de uso, é desse fabricante.

  2. Se for para ter um dos dois equipamentos miliohmimetro e microohmimetro para trabalhar em spda e subestação, poderia usar so o microhmímetro ou o miliohmímetro atenderia também.? E no casa de ter so um qual ser mais vantagem? Ou e necessário ter os dois.

  3. Em um ensaio de continuidade das armaduras com o milíohmimetro 1A, a resistência ultrapassou a escala do aparelho e essa mesma verificação utilizando o micrôohmimetro que insta até 10A o resultado foi satisfatório, porque acontece isso?

    1. Olá Wagner,

      Quando o valor de resistência medido no aparelho ultrapassa a escala do mesmo quer dizer que ou a corrente está baixa ou que a resistência superou a capacidade de medição do mesmo (não existe continuidade elétrica, por exemplo).
      No caso do uso do miliohmimetro de 1A, o valor de corrente pode ter sido muito baixo para as condições da instalação e, ao aumentá-la, pode ser que ele consiga fazer a leitura dos valores.

      Minha recomendação é para que você sempre comece os ensaios com a corrente máxima permitida por norma, que é 10A. Se o aparelho indicar erro na leitura, provavelmente não existirá a continuidade elétrica no trecho. Recomendo também que remova a camada superficial de oxidação dos componentes, com uma lixa fina por exemplo, ela pode atuar como uma resistência adicional ao circuito, poluindo os dados medidos.

  4. Para o SPDA convencional é realmente necessário o uso do miliohmimetro? A norma não fala especificamente disso.
    Apenas a inspeção visual e o teste de aterramento nao bastam?

    1. Olá Paulo,

      Para o SPDA convencional não será preciso utilizar o miliohmimetro, já que apenas as inspeções visuais dos subsistemas de captação e descida, e também o teste de aterramento, serão suficientes para detectar falhas no sistema.

      1. Tendo em vista que o tamanho dos edifícios podem variar. Supordo que seja necessário realizar um emenda no cabo para conseguir medir da cobertura até o térreo. E sabendo que cada emenda realizada no cabo aumenta sua resistência. Como é realizado este teste?

        1. Olá Isabela,

          A obrigatoriedade normativa quanto a utilização de equipamentos para medição de 4 fios (miliohmimetro e microohmimetro) é justamente para corrigir estes erros que podem surgir durante os ensaios de continuidade elétrica, especialmente quando for preciso emendar várias vezes o condutor do equipamento.

          As instruções para realização deste ensaio podem ser vistas no Anexo F da parte 3 da NBR 5419:2015.

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