Uma edificação, por mais simples que pareça, pode apresentar particularidades e pré-requisitos para execução da proteção contra raios. Portanto, executar um projeto de SPDA é uma tarefa que exige dedicação e conhecimento do projetista, para indicar as melhores soluções para cada situação encontrada.
Via de regra, a maior atenção dos projetos é dada aos elementos principais de cada subsistema, como posicionamento de captores, comprimento das malhas de terra, posicionamento dos barramentos, etc. Todos esses subsistemas combinados, de fato, formarão um sistema de proteção.
Entretanto, existe um detalhe muito importante que às vezes passa despercebido ou é tratado de forma genérica em um projeto: a fixação dos componentes! A própria NBR 5419-3 é generalista com esse tópico, tendo no item 5.5.2 apenas informações relativas à distância máxima de condutores e demais recomendações básicas de desempenho.
Então como escolher a fixação ideal para o meu projeto?
A escolha pela metodologia de fixação ideal precisa considerar muitos fatores, como:
- Infiltração e gotejamento
- Custo x benefício
- Análise técnica
- Praticidade de execução
A infiltração trata-se da penetração de água no interior da estrutura, por meio dos pontos perfurados ou trincados. O gotejamento ocorre, principalmente, nos telhados em que uma maior quantidade de água penetra na edificação e causa goteiras. Ambos, são problemas provocados por falhas na vedação e impermeabilização da superfície e, como consequência, trazem de indesejáveis efeitos estéticos até danos estruturais na edificação (corrosão das armaduras metálicas).
Segundo a NBR 15575-5:2021 (Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas),durante a vida útil do sistema de cobertura (telhado ou laje) não podem ocorrer escorrimentos, gotejamentos de água ou gotas aderentes, inclusive considerando todas as suas confluências e interações com componentes ou dispositivos.
Ou seja, ao optar pela fixação perfurante do SPDA, é preciso garantir um sistema de vedação (selante, arruela emborrachada ou PU) que seja bom o suficiente para resistir ao nível mínimo de durabilidade prevista pela norma, que é de 5 anos (nível M). A fixação colável não afeta o desempenho da cobertura em relação a sua vedação/impermeabilização e, por isso, é preferível se considerarmos apenas este parâmetro.
Em média, um sistema de impermeabilização custa de 30 a 60 reais por metro quadrado (cotação em Fev./2023),com uma garantia mínima de 5 anos, válida desde que nenhum furo seja executado após o procedimento impermeabilizante. Essa é uma informação importante, já que a captação, é um subsistema que obrigatoriamente ficará exposto à atmosfera, portanto, não é possível fazer a fixação dos elementos captores e posteriormente realizar a impermeabilização da cobertura. Neste caso, quando o cliente está realizando um investimento em uma cobertura impermeabilizada ou preza pela garantia de seu telhado (comum em telhados zipados, por exemplo) não faz sentido adotar um sistema de fixação perfurante.
Em contrapartida, sistemas coláveis tendem a custar um pouco mais do que sistemas perfurantes e, se para o cliente a infiltração e gotejamento de água não é um problema insolúvel (exceto edificações enquadradas na NBR 15575),um comparativo de custos (fixação perfurante + eventuais manutenções x custos de fixação colável) será essencial para auxiliar na tomada de decisão.
A viabilidade técnica não pode ser esquecida, já que é outro critério importante a ser analisado pelo projetista ou instalador. Determinados adesivos podem não ser compatíveis com a superfície ou até mesmo com a aplicação, soltando-se pouco tempo após a colagem. Por isso, é sempre recomendável que sejam utilizados produtos testados e de empresas especializadas.
A mesma análise deverá ser feita quando a fixação será perfurante, já que cada tipo de superfície requer um conjunto bucha/parafuso compatível com a aplicação e esforços mecânicos. Detalhes de CAD, disponibilizados, gratuitamente, em Detalhes CAD – Termotécnica Para-raios (tel.com.br), sugerem diversas condições de aplicação.
O tipo de suporte adotado também deverá ser avaliado, visto que determinados modelos não conseguem cumprir funções obrigatórias, sejam eles coláveis ou perfurantes. Por exemplo, suportes em superfícies metálicas precisam garantir a fixação e a ligação equipotencial, sem causar pilhas ou corrosões galvânicas. O Aderibase® Tel 757 é um grande exemplo de suporte colável que atende a todos estes requisitos, assim como o Fixador Universal Tel 5024 é o exemplo de um suporte de instalação perfurante com essa capacidade técnica.
Por fim, a praticidade de instalação também deve ser considerada, afinal está diretamente relacionada ao custo total do sistema de proteção. De modo geral, uma instalação com parafusos e buchas (ou rebites) tende a ser mais vantajosa, pois demanda menos tempo de execução em virtude do tempo de secagem dos adesivos, porém essa análise de custo x benefício deve ser focada na cobertura do cliente como um todo e não somente nos custos de instalação do SPDA.
Em resumo, cada caso terá sua particularidade e deverá seguir suas próprias premissas. Sistemas coláveis são tecnicamente superiores, pois preservam a integridade da cobertura e, com a adoção de suportes modernos, como o Fixatel® Tel 726, os custos de fixação se aproximam ao de sistemas perfurantes, tornando-os ainda mais vantajosos.
Este modelo, que é dotado de proteção anti-UV, ainda traz a vantagem de poder ser fixado por meio de parafusos e buchas ou rebites, e afasta o condutor da superfície, evitando pilhas galvânicas.
Independente da escolha da metodologia de fixação, o mais importante será utilizar bons materiais, que garantam a resistência mecânica, durabilidade e proteção necessária para que o SPDA não prejudique a vida útil da cobertura.
*Eng. Nikolas Lemos
Coordenador de Suporte DEHN da Termotécnica Para raios.
O sikaflex pode ser usado como material para colar a barra chata de alumínio na platibanda? O suporte FIXATEL acredito ser o mais correto para esse caso. A minha dúvida é que sempre recomendei o sikaflex apenas para fechar uma perfuração pontual e não como material colante.
Olá Dulcirene Aires,
O Sikaflex é um tipo de selante, indicado para preencher juntas e furos com o objetivo de minimizar a infiltração de água. Apesar de ser um excelente selante, suas características não são adequadas para aplicação como adesivo. Em nossos ensaios percebemos que, embora consiga fixar de maneira imediata os componentes, após pouco tempo exposto às intempéries (sol, chuva, vento, esforços mecânicos) as peças se soltam da superfície.
Indicamos sempre a utilização de adesivos, como o TEL5904 e TEL5907, para que a colagem ocorra com sucesso.
Muito obrigada Nikolas. O meu entendimento foi exatamente esse e você reforçou a minha resposta ao cliente.
Ainda que fique mais elevado o custo, eu recomendo esse material, muito bom! já estou indicando em meus projetos.
Que ótima notícia, Valdemir! O Fixatel® Tel 726 pode ser utilizado com a fixação perfurante ou colável. Essa versatilidade é um dos seus diferenciais, pois pode ser aplicado em diversas situações encontradas nos projetos de proteção contra descargas atmosféricas!