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Captação natural em proteção contra descargas atmosféricas

*Por Normando Alves

A norma NBR5419/2015 permite que em determinadas condições as telhas metálicas possam ser usadas como captores naturais, porém é necessário que alguns critérios sejam atendidos.

  • A telha precisa ter espessura mínima (t’) em função do tipo de material — veja tabela a seguir com as especificações.

  • No caso de telhas tipo sanduíche, o material de seu recheio não deve ser propagante de chama — é importante documentar o seu uso consultando os catálogos de fabricantes ou documentos destes que deixem claro as características do recheio.

  • O material logo abaixo da telha não deve ser prontamente inflamável.

    NOTA: 1mm de asfalto, 0,5mm de PVC ou camada de pintura para proteção contra corrosão ou com função de acabamento não são considerados como isolante para correntes impulsivas.

Explicações sobre a espessura da telha

Há poucas décadas a espessura mínima da maioria das telhas era 0,50mm. Com o passar do tempo e a disputa dos fabricantes para aumentar a sua fatia de mercado, esta espessura passou de 0,50mm para 0,48mm e, atualmente, já é possível encontrar telhas com 0,36mm de espessura. Estas mudanças permitiram que as telhas ficassem mais leves, entretanto, comprometeram sua efetividade de proteção, uma vez que se tornaram mais frágeis e menos resistentes aos efeitos térmicos e elétricos das descargas atmosféricas.

A espessura mínima das telhas somente pode ser usada em ambientes onde não existam vapores perigosos, microfibras ou poeiras potencialmente inflamáveis, pois o contato do raio com a telha gera em sua parte inferior, um ponto quente, que em um ambiente perigoso pode deflagrar uma explosão.

Além da questão dos materiais perigosos em suspensão, outros problemas também podem ocorrer. Um bom exemplo é quando o raio atinge a telha e a perfura, causando um derretimento do metal, que ao pingar dentro da edificação, pode provocar incêndio, perda de equipamentos produtivos ou até mesmo de matéria prima cara.

Outro cuidado necessário, tem a ver com a entrada de água pela perfuração, provocada pela queda do raio. Quando se trata de telha sanduíche com lã de rocha (origem mineral) ou lã de vidro (origem vegetal), esta perfuração pode permitir a entrada de água (efeito esponja) que ficará retida entre as duas telhas e que poderá, ao longo do tempo, gerar uma sobrecarga na estrutura.

A diferença entre a espessura t e t’, é que na espessura menor (t’) o raio atinge a telha, perfura, gera ponto quente e infiltração de água, comprovando que todos os fatores de risco tem que ser muito bem avaliados, antes de se tomar uma decisão sobre o uso da telha ou não como elemento natural da captação. Com relação à espessura maior (t), quer dizer que o raio vai atingir a telha, porém não acarretará perfuração ou ponto quente na parte inferior, sendo assim, não apresenta riscos, podendo ser usada inclusive em áreas classificadas, obedecendo aos demais quesitos inerentes a este tipo de ambiente.

A questão da espessura das chapas metálicas não vale apenas para as telhas metálicas, mas para chapas em geral, tal como tampas de tanques de combustível ou outros produtos perigosos.

Como resolver o problema?

Para telhas metálicas que não atendem a espessura mínima ou se atende, mas não gostaria que esta fosse atingida, a norma prescreve os 3 métodos que podem ser usados ou combinados para estes casos.

Uma sugestão boa e econômica, é a utilização de minicaptores (terminais aéreos) posicionados em cima das telhas, pelo método das esferas rolantes, de modo que a esfera nunca toque a telha. Esta checagem pode ser feita usando o CAD para determinar o intervalo ideal entre os minicaptores. Via de regra, a distância máxima costuma ser em torno de 6m entre minicaptores de 35cm de altura e 7,5m de distância entre captores de 60cm. Outra solução seria utilizar captores mais altos como mastros, ou condutores horizontais como malhas ou fios captores, adequadamente posicionados.

Uma dica com relação ao uso das telhas como elemento de captação natural, é que a decisão seja sempre uma questão previamente conversada e documentada com o cliente, para evitar dor de cabeça no futuro, caso o layout ou os tipos de materiais dentro da edificação venham a ser alterados. Existem casos onde o cliente acionou judicialmente a empresa instaladora por ter usado a telha como elemento de captação sem consultá-lo, por isso que essa formalização deve ser registrada, para que o cliente não diga que não foi notificado.

Resumindo, sempre que a telha metálica atender à espessura mínima — coluna t’ da tabela 3 da norma — esta poderá ser usada como captor natural, para edificações comuns, desde que o cliente esteja ciente que poderão ocorrer pequenas perfurações na telha e possível goteira dentro da edificação. Se isso não for um problema para o processo produtivo do cliente, formalize esta utilização no projeto ou no dossiê técnico.

Já para edificações com materiais ou processos perigosos, é necessário um levantamento detalhado das atividades e dos produtos envolvidos, além de analisar o mapa de risco, identificar os locais onde será necessário tratamento diferenciado e documentar tudo.

Escrito por Eng. Normando Alves
Diretor de Engenharia da Termotécnica Para-raios
Membro da comissão que revisa a NBR5419.

84 comentários em “Captação natural em proteção contra descargas atmosféricas

  1. Gostei da abordagem que descreveu conforme o objetivo do artigo , considerada a NBR54-9-3:2015. Uma preocupação que sempre me fio é quanto à utilização desses tipos de estruturas, normalmente, galpões. Quando o projetista elabora o gerenciamento de riscos considera a estrutura, por exemplo para armazenamento de rolos de arames. Após um tempo, muda-se o locatário l… Passa-se a armazenar sacas de cereais, farinha, feijão, arroz… A PDA e novo gerenciamento de riscos não costumam ser revistos… A sociedade, leiga, considera que está protegida, pois vê fisicamente o SPDA. Por isso, é importante o laudo técnico (gerenciamento de riscos) que identifique o nível de proteção e a utilização da estrutura.

    1. Olá, Álvaro!
      Realmente a alteração da destinação do uso da estrutura pode impactar no resultado do gerenciamento de risco e consequentemente podem ser necessárias modificações no projeto e instalação. O correto é que qualquer estrutura seja inspecionada periodicamente, conforme previsto na NBR 5419, e que toda a documentação e instalação sejam avaliados. Assim é possível identificar situações como essas, já que um dos objetivos da inspeção é verificar se houve alguma modificação que altere as condições iniciais previstas em projeto, e recomendar as adequações necessárias. Sobre esse aspecto, sempre que possível, é muito vantajoso fazer uso de elementos naturais, em qualquer subsistema do SPDA, visto que a parte do SPDA natural fica desassociada de parâmetros de dimensionamento que podem ser modificados com a classe do SPDA, quando o SPDA é não natural.

  2. Boa tarde Eng Normando e Eng Nikolas Lemos, tenho uma dúvida em relação a captação com terminal aéreo em telhas termoacústicas. No detalhe A323 disponibilizado por vocês, não entendi como é realizado a fixação na treliça. É feito com o parafuso já utilizado da telha, ou preciso utilizar a haste de fixação?
    Meu email é [email protected] caso prefira responder por email, estou no aguardo.
    Agradeço pelos conteúdos disponibilizados por vocês, é sempre de grande ajuda!

    1. Olá itirotatibana,

      O detalhe A323 utiliza a própria haste de fixação da telha metálica na treliça como parafuso de conexão do fixador universal. Essa ação é preferível sempre que o ponto de fixação do SPDA é o mesmo que o ponto de fixação do telhado metálico, evitando fazer furos adicionais.

      Quando não for possível reaproveitar a fixação existente deve-se utilizar um outro parafuso (prendendo-o na treliça) ou adotar um suporte colável do tipo Aderibase.

  3. Prezados Eng Normando e Nikolas Lemos, boa noite.

    Li o artigo por Eng. Normando Alves sobre a utilização de telhas metálicas como captores naturais, porém é necessário que alguns critérios sejam atendidos, com atualizações na norma achei muito interessante e oportuno.
    Tenho a seguinte dúvida:

    Esses prédios que tem um padrão de construção da seguinte forma:
    É de alvenaria tipo um galpão de 2 andares a cobertura é tesoura/treliça metálica.
    As telhas por cima das tesouras são metálicas com recheio de isopor, ou seja, telhas tipo sanduíches (parte metálica – isopor – parte metálica).
    Partindo para uma instalação Tipo Gaiola de Faraday, o esclarecimento técnico é: pode conectar o Sub-Sistema captor as hastes, as fitas de alumínio nessas telhas?
    Ou seja, essas telhas com recheio de isopor podem estar conectadas ao SPDA? Ou devem ficar desconectadas do sistema captor devido ao isopor devido o isopor ser um material inflamável.

    Obs.: os ambientes internos do prédio não tem áreas classificadas com risco de explosão, não tem pó em suspensão.

    Desde já agradeço a atenção, aguardo retorno.
    Sds.
    Marcos Ribeiro

    1. Olá Marcos Ribeiro,

      O risco para áreas classificadas existe quando ocorre a elevação de temperatura, seja por uma centelha ou por um condutor aquecido durante a condução da corrente do raio. No caso da telha sanduíche você precisa notar o seguinte:
      – Se não instalar um sistema de captação, o raio atingir a telha e esta não possui seção mínima para evitar pontos quentes, ocorrerá o derretimento da mesma no ponto de impacto e possivelmente um incêndio no material isolante.

      Nesta situação, vejo duas possibilidades de proteção:

      1ª – Instalar um sistema captor, com fitas ou cabos, não isolado e equalizado por meio do fixador colável Aderibase TEL-757. Este produto consegue fazer toda a fixação da cobertura sem furá-la, evitando que a infiltração de água ocasione um aumento no peso do telhado devido a absorção pelo material isolante e, devido a sua formatação metalizada, garante a ligação equipotencial da telha metálica com o subsistema de captação, evitando que ocorram centelhas que poderiam acarretar em incêndios na cobertura. Nossa equipe técnica sempre preferiu esse tipo de solução devido a facilidade de projeto, instalação e baixo custo frente outras opções.

      2ª – Instalar um sistema captor isolado eletricamente da cobertura, por meio de suportes DEHNiso, cujo comprimento deverá ser superior ao valor calculado para as distâncias de segurança no ponto, e sendo ainda colado sobre a superfície para evitar infiltração de água. Além de requerer um trabalho maior durante o projeto, essa solução também terá um custo elevado e, de um modo geral, apenas a adotamos quando a cobertura é de concreto protendido, visto que não é possível realizar a equalização entre captação e estrutura.

      1. Prezado Nikolas Lemos, boa tarde.
        Primeiramente agradeço pela pronta resposta e atenção.

        Então pode deixar as fitas de alumínio em contato com as telhas metálicas tipo sanduíche e ao invés de fazer furações para fixar a fita de alumínio nas telhas utilizar fixador colável Aderibase TEL-757? é isso?
        E os captores que ficaram em cima das telhas também podem ser fixados com o TEL-757?

        Sds.

        Marcos Ribeiro

        1. Olá Marcos,

          As fitas de alumínio ficam sobre o Aderibase TEL-757 e este, por sua vez, fica sobre a telha metálica. Os captores também ficam instalados sobre o Aderibase. Em nosso catálogo você encontra fotos desta aplicação e em nossa biblioteca de detalhes você pode observar essa solução no arquivo A357.

    1. Obrigado pelo feedback Márcio!

      O Mestre Eng. Normando Alves agradece a confiança na equipe técnica da Termotécnica Para-raios. Não deixe de acessar também os nossos canais de PodCast e Fale com o Especialista.

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